quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A SABEDORIA DO SILÊNCIO

 
A VIDA QUE COMEÇA AOS SESSENTA...
editora ano 1 - 20,00 (incluindo correios)
JOÃO DE ABREU BORGES

Pense no que vai dizer antes de abrir a boca. Seja breve e preciso, já que cada vez que deixa sair uma palavra, deixa sair uma parte do seu Chi (energia). Assim, aprenderá a desenvolver a arte de falar sem perder energia.
Nunca faça promessas que não possa cumprir. Não se queixe, nem utilize palavras que projetem imagens negativas, porque se reproduzirá ao seu redor tudo o que tenha fabricado com as suas palavras carregadas de Chi.
Se não tem nada de bom, verdadeiro e útil a dizer, é melhor não dizer nada. Aprenda a ser como um espelho: observe e reflita a energia. O Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu, porque aceita, sem condições, os nossos pensamentos, emoções, palavras e ações, e envia-nos o reflexo da nossa própria energia através das diferentes circunstâncias que se apresentam nas nossas vidas.

Se se identifica com o êxito, terá êxito. Se se identifica com o fracasso, terá fracasso. Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo da nossa conversa interna. Aprenda a ser como o universo, escutando e refletindo a energia sem emoções densas e sem preconceitos.
Porque, sendo como um espelho, com o poder mental tranquilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor com as suas opiniões pessoais, e evitando reações emocionais excessivas, tem oportunidade de uma comunicação sincera e fluída.
Não se dê demasiada importância, e seja humilde, pois quanto mais se mostra superior, inteligente e prepotente, mais se torna prisioneiro da sua própria imagem e vive num mundo de tensão e ilusões. Seja discreto, preserve a sua vida íntima. Desta forma libertar-se-á da opinião dos outros e terá uma vida tranquila e benevolente invisível, misteriosa, indefinível, insondável como o TAO.
Não entre em competição com os demais, a terra que nos nutre dá-nos o necessário. Ajude o próximo a perceber as suas próprias virtudes e qualidades, a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos. Tenha confiança em si mesmo. Preserve a sua paz interior, evitando entrar na provação e nas trapaças dos outros. Não se comprometa facilmente, agindo de maneira precipitada, sem ter consciência profunda da situação.
Tenha um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta e só então tome uma decisão. Assim desenvolverá a confiança em si mesmo e a Sabedoria. Se realmente há algo que não sabe, ou para que não tenha resposta, aceite o fato. Não saber é muito incómodo para o ego, porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito pessoal. Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.
Evite julgar ou criticar. O TAO é imparcial nos seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade. Cada vez que julga alguém, a única coisa que faz é expressar a sua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. Julgar é uma maneira de esconder as nossas próprias fraquezas.
O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra. Tudo o que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo. Deixe que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria vida. Ocupe-se de si mesmo, não se defenda. Quando tenta defender-se, está a dar demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão deles.
Se aceita não se defender, mostra que as opiniões dos demais não o afetam, que são simplesmente opiniões, e que não necessita de os convencer para ser feliz. O seu silêncio interno torna-o impassível. Faça uso regular do silêncio para educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o tempo todo.
Pratique a arte de não falar. Tome algumas horas para se abster de falar. Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do TAO ilimitado, em vez de tentar explicar o que é o TAO. Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira natureza interna substituirá a sua personalidade artificial, deixando aparecer a luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio.
Graças a essa força, atrairá para si tudo o que necessita para a sua própria realização e completa libertação. Porém, tem que ter cuidado para que o ego não se infiltre… O Poder permanece quando o ego se mantém tranquilo e em silêncio. Se o ego se impõe e abusa desse Poder, este converter-se-á num veneno, que o envenenará rapidamente.
Fique em silêncio, cultive o seu próprio poder interno. Respeite a vida de tudo o que existe no mundo. Não force, manipule ou controle o próximo. Converta-se no seu próprio Mestre e deixe os demais serem o que têm a capacidade de ser. Por outras palavras, viva seguindo a via sagrada do TAO.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Meu reino não é deste mundo

Capítulo 2 - Pág. 47



(...)
Pela simples dúvida sobre a vida futura, o homem refere todos os seus pensamentos sobre a vida terrestre; incerto do futuro, dá tudo ao presente; não entrevendo bens mais preciosos que os da Terra, ele é como a criança que não vê nada além dos seus brinquedos; para obtê-los, não há nada que não faça; a perda do menor dos seus bens é uma tristeza pungente; uma decepção, uma esperança frustrada, uma ambição não satisfeita, uma injustiça de que é vítima, o orgulho ou a vaidade feridos, são igualmente tormentos que fazem da sua vida uma angústia perpétua, dando-se assim voluntariamente uma verdadeira tortura de todos os instantes. Tomando seu ponto de vista da vida terrestre, no centro da qual está colocado, tudo torna ao seu redor proporções vastas;  o mal que o atinge, como o bem que compete aos outros, tudo adquire aos seus olhos uma grande importância. Ocorre o mesmo com aquele que está no interior de uma cidade, onde tudo parece grande: os homens do cume da escala, como os monumentos; mas que se transporte para sobre uma montanha, homens e coisas vão lhe parecer bem pequenos.
(...)
[Trecho de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Allan Kardec,
tradução de Salvador Gentile, Boanova Editora, 2004]
__________

* Destaque do original.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Poesia e música*
CARTA ABERTA AOS DIRETORES DAS ESCOLAS DE MÚSICA
Publicado no Jornal de Música – 1978


João de Abreu Borges




Um axioma da sensibilidade: o corpo como peça fundamental para a evolução de uma música.
Como muitas coisas que nos caracterizam como raça humana cada vez mais longe de sua humanidade, de sua naturalidade, a perda da resposta somática ao estímulo sonoro nos deixa emocionar apenas 30 ou 40% da plenitude que é embalar-se na arte musical.
Da ciência da felicidade absoluta nossa evolução nos abandona ignorantes, enquanto os povos ditos primitivos ecoam a vida sob a luz do sol ou da lua.



Poderíamos perguntar: haverá uma diferença básica entre esses dois artistas: o ator e o músico? Será que um ator é colocado mais diante de sua arte, penetra mais fundo em sua criatividade do que um músico? Será que um músico se torna no momento da criação simplesmente um instrumento de sua inspiração e o ator não, este inspira-se, transporta-se e desponta para a realidade exterior na forma de sua arte? Este, quando finda seu processo criador no teatro, foi mais adiante e já não é a mesma pessoa de antes.
É inegável que o teatro desenvolve a fundo as potencialidades de quem nele trabalha, porque ativa uma série de exercícios que visam diretamente a uma viagem por dentro de todas as camadas que compõem a personalidade do artista.
Talvez, para que o músico alcançasse isso, fossem necessárias radicais mudanças no seu comportamento em relação à música. Por exemplo, seu aprendizado não se restringiria apenas ao domínio técnico de seu instrumento específico. Isso poderia se estender a outras situações como utilizar seu corpo na dança; desenvolver as múltiplas formas de seu corpo “executar” uma música.
Alguém poderia classificar isso como “expressão corporal”, e acertaria em cheio. Essa também é uma forma do músico penetrar mais um pouco no universo da música, modificando suas atitudes e refletindo o som em um ato físico.



Poderia também fazer uso da palavra para expressar os sentimentos que lhe estariam ocorrendo durante a audição de uma música, quando alguém lhe daria um fio melódico e ele cantaria em versos da forma mais espontânea possível o que estaria sentindo naquele momento. Ou, quase que ao contrário, ele próprio procuraria construir fios melódicos através dos mais variados movimentos de outro  instrumento natural: a voz (sussurro, grito, uivo, mímica...). Aí, já estamos esbarrando mais uma vez nos exercícios de laboratório de teatro. Mas por que isso só é feito em teatro e as escolas de música desconhecem essa atividade?
Muitas outras coisas poderiam ser feitas para que não só a inspiração e a técnica fossem a exigência básica no ensinamento da música, mas que a isso fossem acrescentadas outras manifestações que tanto transformariam o “músico” como também o “homem” e que determinassem o fim dessa terrível característica da música ser uma espécie de masturbação que gera um prazer de momento, nada consequentizando, não chegando sequer a esbarrar nos cantos profundos do espírito humano.
Poderíamos estabelecer uma identidade entre arte e artista? Acredite que, na maioria dos casos, não. O artista envolve-se pelo manto da criatividade apenas no momento do “transe” para, imediatamente após, despir-se de toda a sua manifestação e reassumir-se como indivíduo comum, plenamente imperfeito e limitado como todas as outras pessoas, em contraste com o que escrevia, com o que pintava ou com o que tocava momentos antes.
Talvez mais do que nunca registrou-se tamanha procura por parte das pessoas de reencontro com o fenômeno artístico: a tentativa de redimensionar a “arte de viver” através do “prazer que cria”, essa miraculosa concepção do novo, do belo. A fecundação de si próprio e a cada nova relação um novo ser. Mas... (nessa vida há sempre um desses adjuntos adverbiais para frear um sonho e dar corda ao tempo) é preciso que haja consciência do ato criador; é preciso perceber o que acontece antes, durante e depois da criação e, acima de tudo, perceber que cada momento é uma extensão (e desenvolvimento) de seu trabalho específico.
O pintor, por exemplo, cria no momento em que pinta. Mas se ele conseguir “captar” seu estado de espírito naquele momento, dar-se-á o inevitável: ele sustentará esse estado até outros momentos, onde ele estará não só com um pincel entre os dedos, mas com uma caneta. Ou ainda com um remo. Ou um brinquedo. Ou uma máquina (até mesmo uma máquina), ou qualquer coisa que seja, e aí ele reunirá condições de dar continuidade ao seu processo de mudança da realidade em que vive (de dentro/de fora). Então, nesse nível de trabalho, poderemos identificar ambos (arte/artista) numa só dimensão: poderemos dizer que o artista transforma aquilo que trabalha com a mesma energizá-lo que irá transformá-lo como ser humano.
É preciso fazer de si mesmo o principal objeto de arte. Fazer de palco, de tela, de cordas, etc, o seu próprio espírito e chegar à síntese de todas as manifestações artísticas: o Homem. E um dia (quando?) descobrir o “viver” como o último ato de criação, ou o primeiro e único de eternidade.

Essas são as observações do artista que sou, consciente de toda a alquimia que isso representa, isto quer dizer que a teoria não sobrevoou minhas palavras.

quarta-feira, 12 de junho de 2013


O conto abaixo publicado foi extraído do livro 
A VIDA QUE COMEÇA AOS 60... Os "Novo Velhos"

Pedido mínimo de 5 exemplares
Editora Ano 1
Rua Senador Pompeu, 65 / 30
Gamboa - RJ - CEP: 20080-101
3179-0849
9682-8364
João de Abreu

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O amor existe?
TUDO POR CAUSA DO DIA DOS NAMORADOS...

 JOÃO DE ABREU BORGES


O que não enfrentamos em nós mesmos
encontraremos como destino.”
Carl Gustav Jug


Essa questão foi levantada num roda de amigos, por sinal quase todos bastante pessimistas, cada um contando o seu caso: por que desistiram do amor.

“Mas vocês estão se referindo a casos de decepção individual”, eu disse, interferindo na conversa com a expectativa de uma criança assustada. Diante de um ou dois que se retiraram e outros um ou dois que permaneceram, porém com olhos semi arregalados, eu confirmei que “o amor, visto sob uma ótica individual, realmente é difícil de encontrar não só hoje em dia como em qualquer época, principalmente quando se anda mal acompanhado ou frequentando lugares em que a possibilidade de desencontros é muito provável”.

Um dos que se retiraram da conversa mal iniciada saiu resmungando: “O amor já era! É só decepção que a gente encontra na vida!” Saiu, e não me deu tempo para perguntar o que ele tem feito para mudar esse quadro... Ou será que ele espera que caia do céu a solução para esse problema?

Mas ainda restavam dois pares de ouvidos a me escutar, mesmo que com certa impaciência.

“Se o ser humano pensa que o amor é algo restrito a uma relação social de indivíduo para indivíduo, dificilmente vai conseguir sucesso em suas pretensões, porque o indivíduo é egoísta por natureza, e esta natureza é individual, o que significa mesmo uma atitude voltada para si.

Nesse nível, até nos aproximamos da condição animal, procurando satisfazer nossos desejos o mais rápido possível, mesmo que da forma mais superficial imaginável.

O que o indivíduo tem que superar é o medo de tornar-se cidadão, o que o eleva à condição de um ser grupal, coletivo, social, e isso amplia seu raio de visão e consequente código de ação para atuar diante de uma possibilidade maior de obter ganhos em suas pretensões.

Enquanto cidadão, o ser humano é regido por leis mais amplas, que mais o aproximam interiormente dos outros e assim possibilitam que saia de dentro de si um pouco e também compartilhe sua existência. Isto significa compartilhar responsabilidades. Estas irão gerar uma atitude mais coerente e firme em busca da felicidade, em termos de relações sociais. Isto quer dizer que assumimos mais nossas culpas e não as transferimos de imediato para os outros, exigindo mais de nós e olhando-nos como uma possibilidade viva de transformação. Automaticamente, permitimos aos outros que também se transformem segundo suas próprias decisões.

Quando se assume como um ser social, o cidadão torna-se mais visível e consequentemente mais procurado, o que o torna passível de maiores encontros pessoais bem sucedidos, já que não mais se volta apenas para si: agora se encontra aberto a perdas e ganhos que, no mínimo, ele passa a ter consciência por que acontecem em sua vida.

Perdas nos servem para crescer como seres humanos; ganhos nos servem para ampliar horizontes a partir de vitórias pessoais. Assumimos com orgulho derrotas previsíveis e com humildade vitórias adquiridas”. Isso poderia estar pensando um dos meus dois ouvintes naquele momento ainda desconfiados.

Mas não fui interrompido por nenhum deles que, ao mesmo tempo surpresos e receptivos, me ouviam não com alegria, mas agora com certo ar de curiosidade.

E eu continuei: “Após o primeiro instante de egoísmo, quando somos apenas um indivíduo, chegamos a este segundo estágio de evolução que é ser um cidadão”.

“E após isso?”, o mais curioso dos meus dois silenciosos interlocutores poderia estar pensando e eu cuidei logo de continuar minha linha de pensamento.

“Agora estamos diante de uma etapa difícil de ser alcançada e que irá facilitar em muito nossas relações pessoais, pois vai ampliar mais ainda nosso ângulo de visão e consequente espaço de atuação em nossas vidas.”

“Estou me referindo ao ser universal, o que em outras palavras podemos chamar de um cidadão que vai mais longe ainda e começa a ver a vida sob a ótica de Deus – ou qualquer ponto máximo que uma pessoa acredita que possa alcançar, seja qual for a religião, ou a crença ou a visão política que o ajudará a atingir este novo horizonte.”

“A ótica de Deus não atinge apenas aqueles com quem estamos nos relacionando bem enquanto cidadãos. O ser universal completa-se em si mesmo, evoluindo através da consciência de um Deus descoberto e não inventado, de reflexões íntimas voltadas para uma Verdade Superior etc. Este ser sabe que, a partir do momento em que não mais nos consideramos tão mínimos e irrelevantes na vida, passamos a compreender mais profundamente as pessoas e os lugares por onde passamos.”

“Quando alcançamos este patamar, abraçamos um Universo de possibilidades porque passamos a estar presentes em todo o Universo na pessoa Daquele que, de uma forma ou de outra, nos coloca diante do mesmo plano que os nossos semelhantes, ou seja, filhos do mesmo Pai, herança do mesmo Encontro.”

“A partir daí – continuo eu escrevendo aqui e reproduzindo o que falei entre meus dois amigos –  queiramos ou não, estaremos sempre próximos de todos, mesmo dos que se encontram distantes de nós.”

“O amor, enfim, exige uma consciência universal para que possamos no plano individual sermos felizes e podermos dizer: o amor existe entre os homens, sim!”.

Quando percebi, meus dois amigos já não estavam presentes. Preguei no deserto? Não sei... Algumas sementes vingam sob a terra, outras não. Minha consciência possibilita enxergar o mundo como um contabilista que deixa para chegar o final do mês – o universal – e fazer o balanço de perdas e ganhos, para depois, sim, extrair quanto ganhou por dia – o indivíduo.

Meus amigos que se dispersaram foram sementes que um dia, certamente e de forma definitiva, serão germinadas pela consciência de que nenhum ser é inseparável dos outros, sendo todos irmãos de jornada, seja esta social ou universal, atinja apenas um grupo ou toda a humanidade.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Diferença lógica entre Religião e Espiritualidade


Prof. Dr. Guido Nunes Lopes



“Não leia com o intuito de contradizer ou refutar,
nem para acreditar ou concordar,
tampouco para ter o que conversar,
mas para refletir e avaliar.”
[Francis Bacon]


A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.

A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.

A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.

A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.

A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: “aprenda com o erro”.

A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.

A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você te que buscá-la.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.

A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.

A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.

A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.

A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012



OSCAR NIEMEYER,
A REGÊNCIA DO FUTURO

por: joão de abreu borges

O que se vê de grande ou pequeno no mundo começa a projetar-se a partir do que temos de grande ou pequeno dentro de nós.


Os irmãos Marx, comediantes norte-americanos cujo humor possuía características filosóficas, criaram um belo diálogo resumido em três linhas: “Olha, há um tesouro na casa ali ao lado!”. Ao que o outro comentou: “Mas não há nenhuma casa ali ao lado!”. O primeiro sentenciou: “Então, construiremos uma!”.

Oscar Niemeyer não morreu ontem, ele apenas esqueceu de repente de continuar vivendo. No “andar de cima” ele deve estar lamentando os projetos que deixou por fazer aqui embaixo, principalmente o de continuar colaborando para melhorar as relações sociais justas entre os seres humanos.

Cada um de nós tem uma espécie de fio invisível que nos mantém ligados a uma estrutura orgânica maior, que por sua vez também está ligada a outra estrutura maior ainda (é claro que esta palavra “maior” refere-se a uma pulsação vibrante, meio que física, meio que metafísica.).



Oscar Niemeyer tinha consciência de sua vida como resultado de uma evolução histórica da humanidade, e não se perdia nunca principalmente com relação às suas convicções políticas, ampliando seu olhar sobre a humanidade através do comunismo que, num sentido lato, alcançava as linhas simples e profundas de sua arquitetura.

Uma canal de televisão, enquanto mostrava imagens da obra de Niemeyer, colocava ao fundo junto à voz dele, uma bachiana de Villa-Lobos que, como tal, era cheia de nuances melódicas, poder-se-ia mesmo dizer que esta música possui a sinuosidade marcante da arquitetura de nosso genial e simples brasileiro comunista.

Como se intuísse tanto quanto Einstein (que afirmou ser curvo o Universo), grande marca desta arquitetura era curva, assim como as retas apareciam em linhas precisamente infinitas.



Não morrendo, Oscar Niemeyer extrapolou a ideia frágil de se estar apenas vivo, mas não se viver intensamente, tal como prescreveu Vinícius de Moraes em um de seus poemas.

O ser humano tem em si todas as possibilidades que vê projetadas diante de seu olhar: se este vem do medo, não verá mais do que sombras; se vem da ignorância, não verá mais do que a incompreensão; se vem da sensibilidade, estará aberto a todos os impulsos positivos que o Universo guarda para nós.




sábado, 20 de outubro de 2012


Relatório da ONU prevê escassez de água no mundo em 2050

ATITUDE RESPONSA - por Marco Antonio Canosa
[extraído do jornal Folha do Centro – Outubro de 2012 – RJ]



O mundo enfrenta uma “falência de água” devido a problemas como a urbanização e a atividade econômica nas principais bacias fluviais do mundo e o aquecimento das águas oceânicas, revela um relatório da ONU, divulgado na semana passada.

O documento, preparado pelo Instituto da Água, Meio Ambiente e Saúde, da Universidade das Nações Unidas, com sede em Hamilton (Canadá), é o resultado da análise de 200 grandes projetos mundiais relacionados com o meio aquático.

O relatório, em cuja elaboração também participaram o Programa da ONU para o Meio Ambiente e o Global Environmental Facility (GEF, Fundo Global para o Meio Ambiente), assinala que em 2050 acontecerá uma grave escassez de água em sete das dez principais bacias fluviais do mundo.

Atualmente, estas dez bacias geram 10 por cento do Produto Interno Bruto do planeta e nelas reside uma quarta parte da população mundial.

No documento adverte-se também para as consequências da subida das temperaturas dos oceanos.

Os oceanos são “o depósito final de calor que dirige o clima, a meteorologia, a fertilização e o fornecimento mundial de água doce”, refere.

“Ainda que o aquecimento médio de 0,6 graus Celsius da superfície marítima desde 1872 não pareça muito grande, representa um enorme aumento no armazenamento de calor”, alerta.

O diretor do Instituto da Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas, Zafar Adeel, disse que “este estudo sublinha que os muitos alertas prévios sobre problemas emergentes devem ser escutados”.

A divulgação do relatório coincidiu com o início, em Bangkok, na Tailândia, da Conferência Internacional do GEF, que durante três dias analisou o papel da ciência na solução dos problemas mundiais da água.

O GEF é um mecanismo de cooperação internacional para apoio aos países em desenvolvimento na implementação de projetos que procurem soluções para as preocupações globais em relação à proteção dos ecossistemas e à biodiversidade.